sexta-feira, 3 de agosto de 2012

o que o umbigo instala

"Todo ojo que me mira
me multiplica y dispersa
por la ciudad"

Alfonsina Storni

eu escolho amigos úteis e íntimos
eu capto, com medalhas falsas, os beijos dos casais
tanto na calçada quanto em cima do muro de mim
eu roubo as cores das peles dos outros, só com o olhar

quando espero para usar pés de moscas ou motoristas
despidos dos faróis possessivos
Na rua, meu olhar se torna parasita
de ser em mim esses todos que me interrompem sem cheirar
e roubam e vendem e divulgam minhas valas por aí

distribuo, pelas sacolas do metrô e das bancas,
comprimidos que fazem efeito
de acordo com a úlcera de cada trejeito (particular)
que pise no que eu queira de bruto em mim

cobrindo com panos o vácuo do que está por vir
conto com o fio de brasa que, brusco, estala
nas minhas OMOPLATAS (magras, sprays de prata)
para, de mim, ser satélite que rastreia

crianças atrizes que me são para alem da minha pele
crianças cujas faces atraem máscaras-
aquelas que, quando no assoalho da minha cara,
cederam-


e que, com caderninhos, penteiam o que NÃO vêem no museu, no esgoto, nos túneis embrionários