quinta-feira, 26 de julho de 2012

SAGRANDO E SANGRANDO

sagrando e sa(n)grando
dentro das vulvas, dos caralhos
(dos burocratas e dos caminhoneiros)
 dos bares, dos quartos de hospital
 dos escritórios
dentro de tudo que nos é cidade
dentro dos subterrâneos
dentro dos prazeres subterrâneos a nós
e dentro dos nossos subterrâneos próprios
(ou hipotecados)
Sagrando e sangrando
as partes e aos quartos DE nós mesmos
à nós avessos
que não foram transmutados nem travestidos
de luxos, de esquinas, de textos nem de poesia
Personificando
os seres que nos matam de dentro pra fora
que são dentro de mim pelo meu único ser
Sagrando e sangrando
as páginas de nós estagnadas
(e que nos mantém estagnados)
em nós mesmos!
Respirando o ar que não assistimos
(que não nos é vulto)
Respirando as moléculas
que monopolizamos e molhamos
sendo as pessoas que inspiramos
e expirando tudo que não somos,
tudo que nos é estranho e estrangeiro
Sagrando e sangrando
 o que não conhecemos e cobiçamos
sangrando o que não queremos ser
dentro de nós
sendo tudo que não nos é pele
assumindo a pele de todos os povos
e de todas as formigas
sangrando para além do que somos
sagrando respeito a tudo que seremos
dentro de nós, dos planaltos e dos esgotos
(em segredo)
GOZEMOS!